quinta-feira, 3 de julho de 2008

Estamira

Se a Arte Contemporânea é objeto de trabalho de teóricos, filósofos e artistas, temas como operação da transcendência, posicionamento político com relação a temas atuais, posicionamento e leitura pessoal do artista, ética, voz dos excluídos ou das minorias, de uma forma ou de outra, acabarão tocados.
No campo do Cinema, a mesma coisa. E aí aparece o documentário como gênero há tempos muito bem (a)representado como espaço para o autor transitar entre esses temas todos. O documentário, por que não, é uma grande oportunidade para exercício poético. Mais do que isso, o documentário pode ter voz, dar a voz, ou deixar aquele vazio que o espectador deve preencher por entre fatias e nuances de realidade. Um maravilhoso exemplo de documentário que representa uma costura mágica entre esses temas todos é o filme Estamira (Brasil. Dir. Marcos Prado; Produção: Marcos Prado/José Padilha. 2006). Poético na costura do roteiro, na cuidadosa condução do diálogo com Estamira, na abertura para captar o caos belamente retratado em imagens PB. Contundente no tratamento do tema. Angustiante. Extasiante.

Vale, e muito, a pena.

quarta-feira, 2 de julho de 2008






Interessante como o calor de certas discussões é simplesmente arrefecido, pelo menos por instantes, quando vivemos uma experiência estética ou poética efetiva. Mais interessante ainda é quando essa experiência vem de formas de Arte que não são aquelas que temos discutido ou pensado a respeito... Isso sempre nos dá pistas para lembrarmos sempre do que realmente importa quando se fala de Arte.

Eu fui mais uma das muitas pessoas simplesmente arrebatadas pela força das cores e da expressão do trabalho de Petrônio Bax. Nunca havia visto uma exposição do artista e, ao chegar no Palácio das Artes, agora em Maio, quis, sim, e ainda quero, viver, pelo menos um pouquinho, naqueles fundos de mar.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Artigo apresentado ao Grupo de Trabalho "Ética e Filosofia da Arte", na disciplina da pós "Labiritnos da Arte". Amplia um pouquinho tudo o que vem sendo dito aqui.

http://rapidshare.com/files/125462127/Artigo_final_Labiritnos_da_Arte_GT__tica_e_Filosofia.pdf.html

quarta-feira, 18 de junho de 2008

E...

Não há critério único para avaliar a obra. Avaliação técnica? Ok, Von Hagens expressa a ousadia necessária para pesquisar, aproveitar bons resultados anteriores, buscar apuro total nas várias formas de mostrar os corpos, nos vários tipos de cortes, em diferentes profundidades e ângulos. A ousadia, o conhecimento técnico e o empreendedorismo estão também nos investimentos financeiros no trabalho: a técnica é cara, exige aparato tecnológico e laboratórios. O critério "técnica" pode ser aplicado não só à plastinação em si, mas à montagem das exposições: ambientação criada parece ter exigido um certo rigor. Afinal esforços devem ter sido concentrados na reprodução dos contextos em que os "personagens" foram mostrados, além de elementos como luz, ar condicionado, contrastes, panos de fundo...

Critério estético: ainda remetendo à técnica, o resultado visual supera em muito as réplicas humanas em cêra ou outra forma de reprodução. Com relação a serem corpos humanos, o resultado visual parece bastante realista tanto na superfície como nos recortes. O problema aqui vai sempre existir, pois haverá quem execre tal resultado estético e quem reconheça nele valor. Aqui, portanto, total ausência de consenso.

A possibilidade maior de consenso, ou pelo menos o que mobilizou de verdade o conjunto de pessoas, foi pensar: plastinar e exibir corpos humanos é ético? O vídeo explica que as pessoas oferecem voluntariamente seus corpos para plastinação após sua morte e assinam um termo de autorização. Outro dado é que muitos dos corpos e das "autorizações" dadas são de pessoas que estavam gravemente doentes. Será uma autorização assinada suficiente para autorizar alguém a manipular um corpo humano e expô-lo, exibindo, na verdade, o resultado de grande perícia técnica aliada à tecnologia?
Ah, e não vamos esquecer que essa operação toda tem sido legitimada por espaços que exibem Arte. Gunther Von Hagens tem sido divulgado como artista. Seus interesses pertencem ao campo da Arte? Imaginamos que respostas prontas de caráter religioso, estético ou técnico, somente, não vão dar conta da questão.

Na Belas Artes, UFMG, os Labirintos da Arte

Muitos desses pensamentos que estão esparsos por aqui já existiam há muito, e, lógico, são de muita gente. A vontade de pensar nos significados que a Arte Contemporânea toma para as pessoas, e tal, já anda comigo há muito tempo. Mas ultimamente eles resolveram tomar a forma de blog durante a disciplina Labirintos da Arte: tecnologias e valores sob uma perspectiva crítica, do Prof. Lindsley Daibert, na EBA/UFMG. Lá, dentre algumas propostas de artistas que até já conhecia, fiquei sabendo do Gunther Von Hagens, que trabalha com plastinação.

É com artistas (?) como ele que a disciplina pensa os limites que a Arte Contemporânea atingiu. Limites, a gente sabe, que a colocam em relação especial hoje com a Ética, com a Filosofia e com a Sociologia. As discussões pegam fogo. E a interrogação está ali ao lado da palavra “artistas” não por ironia, a pergunta é honestíssima e não houve total consenso: o trabalho de Gunther Von Hagens é Arte?

Vocês conhecem o Von Hagens? Ele é anatomista, desenvolveu a técnica de plastinação (tratamento de conservação de corpos) no ambiente universitário, prestando serviços para faculdades de medicina. Sua demanda inicial era universitária. E aí é que está a questão! O que mudou essa história foi uma grande operação possível atualmente: a contingência tecnológica (que tornou possível a repetição e ampliação da técnica e sua divulgação), a adoção de uma postura pessoal do Dr. Gunther em querer mudar de foco, e a detecção do apelo mercadológico que haveria em tirar a técnica do âmbito universitário. Essa operação viabilizou seu trabalho na forma como ele é mostrado hoje. Vejam o vídeo:




Fonte: http://br.youtube.com/watch?v=mC9qTJWl3JU

Essa coisa de Blog não é tão fácil...

Bem, ainda nessa maré de ajustes, vamos tocando o barco, infringindo a regra número 1 para qualquer blog: postar conteúdo, se não diariamente, regularmente, caso contrário não forma comunidade, ora... Eu sei, eu sei. Vamos tentar vencer a rotina para tornar isso aqui um blog de verdade.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Em BH, Mostra de Arte Insensata

A Funarte - Casa do Conde e a Prefeitura de Belo Horizonte estão promovendo, de 28 a 31/05, a Mostra de Arte Insensata. O evento, com programação bem abrangente - palestras, oficinas, mostra de védeo e bar temático -, visa promover e discutir os trajetos e perspectivas da arte produzida fora dos limites da razão tradicional, bem como os espaços de inserção dos indivíduos portadores de algum tipo de sofrimento mental.

Acesse a programação em: http://www.pbh.gov.br/smsa/insensata/